Recordo-me distintamente de ouvir a notícia na televisão em 2003. Um homem havia amputado o seu próprio braço porque ficou preso numa fenda, num local isolado e não tinha avisado ninguém para onde ia naquele fim-de-semana.
Isto não é história para deixar ninguém indiferente mas no meu caso, apesar de saber poucos detalhes, tudo aquilo me pareceu uma trapalhada onde eu me poderia ter metido com facilidade.
Portugal não é propriamente o Blue John Canyon mas, ainda assim, pareceu-me melhor começar a tomar precauções extra e a deixar sempre uma pessoa avisada para os locais onde poderia procurar um cadáver caso eu não desse notícias.
Na verdade o senhor Ralston não mudou a minha vida de uma forma tão grandiosa quanto isso. O título é mais um desejo do que uma realidade. A introspecção que ele fez durante as 127 horas em que esteve preso, a forma como ele se apercebeu de que o relacionamento com as outras pessoas tinha que mudar, não fez com que eu deixasse de ser uma besta solitária.
De facto, apesar de continuar a testar os meus limites físicos (os psicológicos escapam-me ao controlo), nunca veio daí nenhuma epifania e não pretendo obtê-la à custa da ultrapassagem dos limites do reversível.
Para quem viu o filme e acha que foi suficientemente impressionante, leiam
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