domingo, 19 de abril de 2009

Crianças no Parlamento

Eu não duvido que ainda haja uma boa parte de políticos que até se preocupam com a sua missão e que tentam melhorar a vida de todos os que habitam Portugal.
No que toca ao comportamento e à honestidade intelectual acho que são muito poucos os que merecem um pingo de reconhecimento.

Assim sendo e depois de ler isto, resolvi tentar a minha sorte. Se há resposta para o problema que é chamar autistas àqueles que o são voluntariamente, talvez este e-mail tenha também direito a réplica:

Sua Excelência
Presidente da Assembleia da República
Doutor Jaime Gama
(Dirigido também aos líderes dos grupos parlamentares)

Eu sou um eleitor ainda jovem mas que desde que atingiu a maioridade, nunca esteve em falta para com o seu dever cívico de votação.
Acompanho os trabalhos a que Vossa Excelência preside com alguma regularidade, através do Canal Parlamento, e escrevo-lhe porque sinto-me verdadeiramente embaraçado pela forma como decorrem os mesmos na assembleia da república. Sendo que os membros dessa câmara foram eleitos pelo povo, para representar o povo, sinto que tenho o direito de ser melhor representado.
O comportamento da generalidade das bancadas partidárias é deplorável e passo a explicar o porquê de o entender assim:

- Falta de respeito por quem se está a dirigir à câmara
- Falta de contenção na forma, pouco educada, como várias vezes vaiam um orador
- Comportamento muitas vezes digno de um gangue e, de certa forma pueril

Acho totalmente inaceitável que os deputados, que deveriam ser um exemplo para todos os cidadãos, tenham a necessidade de se comportar como arruaceiros (e não me refiro só ao episódio Afonso Candal Vs José Eduardo Martins).
Desde a mais tenra idade que me foi incutido um valor muito simples: quando um fala o outro ouve. Será possível que os deputados tenham esquecido essa regra básica? Não podem esperar que um orador termine para poderem depois responder de forma correcta e regrada?

Permita-me a ironia, mas não estarão os deputados a representar o povo apenas nas suas vertentes menos civilizadas? Quando me refiro que há um padrão de comportamento tipo "gangue", quero dizer que me parece de todo despropositada a forma como os membros de bancada X sentem a necessidade de soltar um "muito bem" por cima da apresentação do seu colega. Parecem genuinamente rufias que tentam intimidar a "equipa" adversária. Não só falham neste propósito como ridicularizam a sua presença.

Repito o que escrevi no inicio desta carta: sinto-me embaraçado pela forma como tenho sido representado.

Já que nada se pode fazer quanto à falta de honestidade intelectual dos partidos, que vêm em tudo uma oportunidade de ataque e são incapazes de reconhecer o trabalho positivo desenvolvido pelas outras bancadas, peço encarecidamente a Vossa Excelência que ajude a dignificar a Assembleia da República, exigindo aos deputados respeito mínimo pelas regras e para com aqueles que os elegeram.

Agradeço desde já a atenção de Vossa Excelência.

Com os meus melhores cumprimentos:
Jorge Piston

Será que vou ter alguma resposta? Não se esperam alterações de comportamento mas se tivessem nem que fosse um segundo de embaraço... Não faria a mínima diferença.